Sabores de um encontro

Camila Bonfim
Dalmo Coelho
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Por vezes pedimos em nossas orações diárias a graça do “conhecimento interno de Jesus Cristo para mais amá-lo e segui-lo” (EE 104). E buscamos na oração e na vida comunitária encontrar o Cristo, ser de Cristo, ser como o Cristo… Quem se deixa ser afetado por Cristo, quer afetar tantos outros… Assim, levamos para nossa realidade um jeito diferente de abraçar e atuar neste mundo… o jeito de ser de Cristo!

Quando atingimos este momento da nossa vida espiritual, o jeito de ser de Cristo, assumimos a maturidade da fé… nada nos separa de Cristo!

Mas até lá… temos uma longa caminhada… e nesse processo de educação na fé, como é importante experimentar, sentir, saborear…

Com isso em mente e com alguns adolescentes pela frente, propomos para nossos catequizandos fazer memória da Páscoa de Cristo e da passagem do povo de Israel da escravidão para a libertação, por meio dos símbolos e sabores da ceia judaica.

Já é o quinto ano de nosso apostolado no Distrito Federal, acompanhando a catequese para jovens que se preparam para receber o Sacramento da Crisma, e é o segundo grupo de catequizandos consecutivo, que propomos esta experiência da ceia.

Ervas amargas? Humus??? cordeiro assado??? É… as carinhas se contorciam para cada alimento que aparecia no prato… mas aos poucos a estranheza vai dando lugar a novidade… e se deixam conduzir pelas orações, textos bíblicos e significados de cada elemento que compõe a ceia judaica.

E foi dessa maneira que relembramos, com nossos crismandos, o período de escravidão do povo de Israel no Egito, do caminho de libertação que Deus conduziu por meio de Moisés, o significado da Páscoa… relembramos a última Ceia de Cristo (lava pés) que foi justamente o momento que, com seus discípulos, Jesus faz memória da libertação de Israel e nos presenteia com a Eucaristia.

Mas peraí… fervilhavam aquelas cabecinhas juvenis… a Páscoa não surgiu com a Ressurreição de Cristo??? Pois então, a Páscoa surge para cultura judaica como a passagem da escravidão no Egito para a terra prometida, para uma vida de liberdade… com Cristo ressignificamos a Páscoa, porque Ele é nosso libertador, que nos permite experimentar a passagem de uma vida de morte para uma vida nova, plena, de liberdade! Mas sempre, em qualquer época ou momento da história, Páscoa é Deus agindo e se fazendo presente no meio de seu povo!

Com a Comunidade de Vida Cristã (CVX) em Brasília (DF), participamos e servimos em vários Sêder de Pessach, e percebíamos como aquele momento era significativo para quem participava da refeição… Isto nos despertou para experimentar esta proposta com nossos crismandos, jovens e adolescentes que sempre nos dão um retorno muito gratificante e marcante neste processo de educação na fé…

E como a pedagogia de Cristo é sensacional… comer junto é uma das maneiras mais fantásticas de estar com o outro… de encontrar aquele conhecimento interno, para mais amá-lo e segui-lo…

 

 


  • Camila e Dalmo são casados, país de Hélder e Inácio. Eles são catequistas, membro da CVX São José (Brasília, DF). Ela é bióloga. Ele é engenheiro, peregrino e grapiúna.