Partilha de Maria Clara, enviada da CVX Brasil ao Magis Centroamérica e JMJ 2019

Tudo começou em abril de 2018 com a fala do Pe. Jonas Caprini, no Fórum Magis Sudeste, em BH. Lá foi apresentado brevemente os planos que ele e sua equipe tinham montado em relação ao MAG+S Centroamérica (pré-jornada promovida pela Companhia de Jesus) na Guatemala, a pré jornada, e a JMJ no Panamá. A partir daquele momento surgiu em mim um desejo de fazer parte disso. Foram nove meses de medos e incertezas, mas em meio a isso, contei com o apoio de diversas pessoas, e de modo especial, da CVX, que ao longo de toda minha vida sempre me ajudou. Creio que toda essa ajuda que recebi nesse tempo foi um sinal de Deus dizendo-me para não ter medo. E assim, de fato, ao longo de toda essa caminhada, eu nunca estive sozinha.

Mesmo com tudo pronto e com a confirmação de que eu iria fazer parte da delegação brasileira, o sonho de que isso realmente acontecesse me parecia muito distante. Os meses se passaram e a ficha demorou a cair. Arrisco dizer que só tive um pouco de noção daquilo que estava prestes a acontecer em minha vida na missa de envio da CVX Regional Rio. Ali tive a percepção do privilégio que tenho por tantas oportunidades que me foram dadas e pela responsabilidade que teria por ter sido uma das escolhidas para representar tantos jovens do Brasil e da CVX.
A partir daquele momento vi que isso era real. O tão esperado dia chegou e, sozinha, parti rumo ao desconhecido. Em São Paulo fiquei no Anchietanum, mas nunca tinha ido lá. Na Guatemala não fazia ideia do local que ficaria e o mesmo aconteceu no Panamá. Em meio a estas incertezas, sabia que, mais uma vez, eu não estaria sozinha. E com Deus, novamente, me falando para que eu não tivesse medo, encarei de peito aberto este desconhecido; eis a melhor forma de acolher o novo. Por meio desta postura que adotei pude vivenciar, verdadeiramente, através da forma em que fui acolhida nos lugares por onde passei, e das pessoas que conheci, o amor de Deus: Cada olhar trocado, cada cumprimento, cada palavra dita e ouvida, cada refeição que me foi oferecida, cada lugar que passei, cada lugar que repousei…

Nessa viagem vivi momentos únicos e, no final tudo me levou para um mesmo fim. Em um primeiro momento, pude estar em uma fala do Pe. Arturo Sosa, Superior Geral da Companhia de Jesus, onde ele expôs, baseado no Sínodo da Juventude, dez sinais onde se pode reconhecer a voz de Deus atualmente. De modo especial, dentre diversos pontos apresentados, ele nos convidou a melhor compreender a imagem do corpo de Cristo. Seguindo nessa mesma linha, em seus discursos já na JMJ, o Papa Francisco constantemente nos falava da importância da união, da vivência de nossas realidades locais, do amor e do perdão – atos tão grandiosos que são capazes de salvar e transformar, e que também foram pregados por Jesus em seu tempo, por isso a importância de voltarmos nossos olhares para Ele. Nós jovens também éramos convidados constantemente a olhar os exemplos dos santos, como São Oscar Romero, que vivenciou a realidade de sua época ao denunciar as injustiças. Desse modo, por pura coincidência, ou não, tudo o que foi falado se assemelha com os sentimentos que surgiram em mim ao longo dessa viagem.

Nesse sentido, após uma semana que já estou de volta a minha cidade, volto diferente daquela que embarcou há cerca de um mês atrás. A partir da forte vivência que tive com a triste realidade da América Central, marcada pela simplicidade de seu povo, da forte corrupção enraizada na sociedade, pelo machismo, racismo e homofobia, troquei meus medos e incertezas por um olhar mais sensível ao contexto social no qual estou inserida. E é por meio desse olhar que hoje posso reconhecer e sentir o amor de Deus em todos, especialmente naqueles que mais sofrem e lutam por uma sociedade mais justa.

Por fim, creio que a única resposta que posso dar por tamanha gratidão é por meio do serviço. Por isso, coloco-me à disposição. E seguindo o tema da JMJ e falando como Maria falou diante do chamado de Deus por meio do anjo Gabriel: “Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra” (Lucas 1:38).

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